A
Colonização do Brasil
Entre a descoberta do Brasil e a colonização
propriamente dita, houve um lapso de tempo em que a Coroa Portuguesa não se
interessou pela exploração direta das terras encontradas. Mesmo mantendo-se o
monopólio da metrópole sobre o pau-brasil (estanco), implantou-se aqui o
sistema de feitorias, que viabilizava a extração do pau-brasil por
particulares,o que também era interessante pois rendia impostos para a Coroa e
proteção para as terras.
Este
lapso, conhecido como período pré-colonial, durou de 1500 a 1530, quando
a colonização fez-se necessária por diversos fatores, como:
- As constantes investidas dos exploradores franceses, a fim de se apropriarem da região.
- A crise no comércio de especiarias com o Oriente (atividade à qual vinha se dedicando a Coroa Portuguesa).
- A descoberta de jazidas de ouro na América espanhola. Como as terras eram próximas, os interesses sobre o Brasil foram despertados.
A partir da expedição colonizadora de Martim
Afonso de Souza, que colheu informações sobre a região e criou as devidas
condições para a ocupação, D. João III, então rei de Portugal, cria um
plano de colonização consistente na divisão administrativa do território em Capitanias
Hereditárias, e na exploração econômica da agromanufatura açucareira.
A
instalação de uma estrutura agrícola capaz de satisfazer à política
mercantilista de lucro da metrópole, exigia investimentos superiores às
possibilidades das elites portuguesas e foi aí que o investimento holandês veio
a calhar. Deu-se início então ao Ciclo do Açúcar (séculos XVI – XVII),
cujos maiores beneficiados foram os tais holandeses, pois o acerto com Portugal
lhes conferia o direito de transportar, refinar e distribuis o açúcar no
mercado europeu. Portugal ficaria responsável pela administração do projeto e
teria o retorno dos impostos cobrados sobre as transações comerciais.
A ECONOMIA
Portugal impunha à colônia Brasileira o Pacto
Colonial, segundo o qual, a colônia só poderia comercializar com a
metrópole. O sistema de produção adotado foi o de Plantation, baseado na
exportação e na monocultura dos latifúndios. A mão-de-obra usada não poderia
ser assalariada, pois, devido à enorme quantidade de terras disponíveis,
surgiria a possibilidade de surgimento de médias e pequenas propriedades,o que
era incompatível com a implantação dos latifúndios. O trabalho escravo se
encaixava perfeitamente aos propósitos mercantilistas (investimento mínimo e
ganho máximo).
A utilização da mão-de-obra negra africana em
lugar da indígena era incentivada pela Igreja Católica, que via nos índios uma
massa útil à expansão do catolicismo por meio da Catequese e das Missões.
Ainda havia um outro motivo: os índios conheciam profundamente a região, o que
facilitava as fugas e a resistência anti-escravista. Estava “justificada”,
tanto pela economia mercantilista, quanto pela religião vigente, uma das
maiores atrocidades vivenciadas pela humanidade: a violência física e cultural
contra os povos africanos, arrancados de suas terras para serem vendidos como
objetos no mercado escravista. A consolidação do tráfico negreiro foi ainda
estimulada, pois este revelou-se uma atividade extremamente lucrativa.
POLÍTICA
Em1548, resolveu-se pela criação de um Governo
Geral para a colônia, com um governador (também chamado de vice-rei) que
detinha autoridade sobre a colônia sendo auxiliado pelo Capitão-mor (defesa
contra invasões), Ouvidor-mor (auxílio jurídico) e Provedor-mor (cuidava das
finanças e impostos). Os primeiros governadores indicados foram: Tomé de Souza,
fundador de Salvador, primeira capital brasileira, Duarte da Costa e Mem de Sá.
Com a
finalidade de firmar uma estrutura administrativa capaz dar o retorno esperedo
aos investidores holandeses, a Coroa Lusitana implantou o sistema de Capitanias
Hereditárias, dividindo o território da colônia de Norte a Sul em 15 faixas
de terra, que seriam doadas a nobres fidalgos responsáveis por promover a sua
administração. Após a doação, o nobre passava a se chamar Capitão Donatário,
que assumia direitos e deveres perante o Rei por meio de um documento
chamado Foral. O Capitão teria direito a explorar todas as riquezas da
capitania, desde que pagasse o Quinto, tributo de 20% sobre o
lucro bruto.
Com o
tempo, as constantes invasões indígenas e estrangeiras, associadas ao
isolamento das Capitanias (ficavam muito distantes da Metrópole e a comunicação
era difícil), e à falta de recursos, cominaram no fracasso das Capitanias.
Todas prosperaram politicamente tornando-se províncias e estados
posteriormente, mas apenas vingaram economicamente com o cultivo de açúcar
Pernambuco, São Vicente e Bahia.
Subordinadas às capitanias, existiam as Câmaras Municipais,
organismos de poder local, que estavam sob o domínio dos “homens bons”, grandes
proprietários de terras e escravos.
SOCIEDADE
Era em grande parte rural, o campo era o centro das
atividades, e isolada, em razão da autonomia e autossuficiência do engenho. Era
uma sociedade fortemente marcada pelo patriarcalismo machista, em que as
decisões eram vinculadas à figura do pai de família.
O poder econômico era muito importante na decisão
das ordens sociais, mas não o suficiente para se sobrepor às questões raciais.
A
primeira camada social era composta pelos Senhores de Engenho, na segunda
ficavam os homens-livres (assalariados, profissionais liberais, funcionários
públicos, jesuítas, etc.) e a classe inferior era composta pelos índios e
escravos.
DECADÊNCIA
O Ciclo do Açúcar começa a decair a partir de 1654. Em 1580, com a morte
do reio de Portugal, Cardeal D. Henrique, o trono fora assumido por Felipe II,
Rei da Espanha filho de Calos V, iniciando-se assim a União Ibérica.
Nesta mesma época, a Holanda conquistava sua independência com relação ao
Império Espanhol de Felipe II, que como retaliação, impôs inúmeras restrições
ao comércio entre a Holanda e a Espanha, o que atingiu também o comércio
açucareiro com o Brasil.
A
Holanda agora objetivava retomar o comércio brasileiro por meio da invasão do
território, para tanto, funda a Companhia das Índias Ocidentais. Em
1624, a capital Soteropolitana foi tomada pelos holandeses, que foram expulsos
no ano seguinte. Uma nova investida foi realizada em 1630, gerando cinco anos
de luta na região até que, por fim, a elite dos engenhos acolheu os holandeses
reconhecendo as vantagens que poderiam advir dos seus investimentos.
A
Holanda trouxe Maurício de Nassau para governar a Capitania
pernambucana. Este domínio se estendeu pelas demais capitanias e o comércio
açucareiro atingiu o seu esplendor. Em 1640, findada a União Ibérica, o Estado
Português, em sinal de trégua, assina com a Holanda um contrato de arrendamento
para a exploração da colônia brasileira mediante o pagamento do Quinto.
Em
1654, por interesses econômicos da Holanda, Nassau foi deposto para a
implantação do Conselho Escabino, cuja rigidez no trato com a população
gerou a eclosão da Insurreição Pernambucana em 1654. Os
holandeses foram derrotados e expulsos do litoral brasileiro após longos nove
anos de batalha. A expulsão dos holandeses trouxe, entretanto, consequências
negativas à economia brasileira, como o investimento holandês na produção
açucareira nas Antilhas, com a utilização das técnicas aprendidas no Brasil e
oferecendo concorrência ao açúcar brasileiro, já que ainda mantinham o controle
sobre o mercado europeu.
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